segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Crepúsculo De Bronze - Capítulo I

Sangue, Fogo & Colunas de Fumaça”.

O gigantesco cogumelo atômico ergueu-se a 32 km queimando os céus do Oriente Médio por longos sete minutos, seguido por seis outros nos continentes restantes do planeta, no exato intervalo em que durara o primeiro, um após o outro, uma sinfonia atômica sinistra e obscura, dando inicio à era do crepúsculo. Em quarenta e nove minutos todas as cidades dos principais países do mundo estavam em chamas e quase, quase tudo fora reduzido a cinzas, com exceção do Marrocos e algumas outras republicas e reinos, que não possuíam armamento atômico. No minuto seguinte às imensas detonações, toda a humanidade já havia atingido o qüinquagésimo degrau da negatividade – com chamavam os antigos livros, armazenados agora em pergaminhos eletrônicos, o ápice da escuridão que alguém poderia atingir. A inteligência artificial fora programada para detonar todos os artefatos atômicos do planeta, no caso de um ataque ao Estado Político Sionista de Israel. Batizado de “Projeto Gideon” incluía o lançamento de trezentas ogivas nucleares contra dez países inimigos, e que fora modificado posteriormente quando o “S.Q.M.M – Sensitive Quantic Machine Machshev” em atividade em um complexo militar construído no Negev, assumiu o controle de todos os armamentos nucleares do mundo. Uma sombra incandescente saída de um antigo filme. Se existiam “fantasmas na máquina”, esta fora a prova definitiva. Do outro lado, religiosos dogmáticos diziam – “E foi-lhe dado comunicar fôlego à imagem da besta...” citando as palavras do antigo Livro da Revelação.

Homens, máquinas humanóides, hardwares inteligentes e replicantes travariam durante anos, uma batalha pela sobrevivência de suas raças, pela escassez de alimentos e água, num mundo desértico pós-apocalíptico.

Doenças radiológicas assolariam o mundo durante décadas, a não ser que um milagre purificasse a atmosfera, e devolvesse o planeta ao seu estado edênico original, mas isto seria algo quase impossível.

“Homem nenhum deveria confiar em milagres” – dizia o antigo livro da sabedoria. Milagres são resultado de conhecimento transformando em habilidade, e não uma simples questão de Fé religiosa e dogmática, como pregavam a maioria das religiões, agora extintas. Para que a atmosfera fosse totalmente regenerada, seria necessário alguém extraordinário, que possuísse o Conhecimento e que fosse capaz de transformá-lo em ação. Mas, pessoas extraordinárias agora eram uma lenda, e mesmo antes do Crepúsculo já eram uma raridade.

Fé? O mundo já não conhecia esta palavra, e mesmo antes do Holocausto Nuclear sequer sabiam o seu verdadeiro significado. Numa época de tamanha escuridão as pessoas apenas queriam sobreviver, e para sobreviver, fariam qualquer coisa.


A humanidade havia encontrado finalmente a ferramenta que os ajudaria a conhecer e discernir as criaturas sem alma dos verdadeiros seres humanos: A escuridão!

Deepak Sankara Veda - Autor